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sábado, 3 de janeiro de 2009

Corais para de crecer

Segundo o caderno Ambiente da Folha de S.Paulo on-line do dia 02/01/2009. Foi publicado um estudo no periódico científico "Science" por uma equipe do Instituto Australiano de Ciência Marinha detectou uma redução de 13,3% na taxa de crescimento dos corais ao longo de 2.000 km de extensão da barreira desde 1990. É o maior declínio visto nos últimos 400 anos, pelo menos.
Foram estudando 328 colônias de coral do gênero Porites em 69 recifes espalhados por toda a Grande Barreira, o grupo liderado pelo oceanógrafo Glenn De'ath notou uma redução em alguns casos drástica na velocidade à qual esses organismos se calcificam, ou seja, aumentam seu exoesqueleto. Parecidos com cogumelos gigantes, os Porites crescem depositando anualmente camadas do mineral aragonita (carbonato de cálcio), formando anéis de crescimento análogos aos das árvores. Como algumas das colônias da Grande Barreira têm mais de 400 anos de idade, De'ath e seus colegas conseguiram contar a história de vida desses organismos ao longo desse prazo, cruzando os dados de calcificação com as condições ambientais.
Os dados assustaram os pesquisadores: quase todas as amostras datando de 1990 a 2005 mostravam sinais fortes de redução de calcificação: uma taxa média de 1,44% de redução ao ano.
Cauteloso, o grupo evita culpar diretamente o aquecimento global pelo fenômeno, mas aponta que dois efeitos causados pelo acúmulo de gases-estufa na atmosfera são sua causa mais provável: o aumento da temperatura média da superfície do mar verificado na região, especialmente nas últimas décadas, e a acidificação progressiva do oceano, causada pelo excesso de CO2 no ar. O problema é preocupante por duas razões. Primeiro, porque os recifes de coral são as zonas mais biodiversas da Terra e geram uma economia anual de mais de US$ 30 bilhões em recursos pesqueiros. Segundo, porque as carapaças de calcário de seres marinhos são uma forma de sequestrar para sempre o gás carbônico. Se esse sequestro se interrompe, o mundo pode ficar ainda mais quente no futuro.
"Esses organismos são cruciais para a formação e a função de ecossistemas e cadeias alimentares, e mudanças agudas na biodiversidade e na produtividade dos oceanos do mundo podem ser iminentes", escrevem os pesquisadores.

Fonte: Folha de S.Paulo on-line e reportagem de CLAUDIO ANGELO editor de Ciência

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